Friday, July 29, 2005

Respondendo ao desafio de Bapla

O desafio: "List five songs that you are currently digging. It doesn't matter what genre they are from, whether they have words or even if they're any good but they must be songs you're really enjoying right now. Post these instructions, the artist and the song in your blog along with your five songs. Then tag five other people to see what they're listening to."

A resposta:
Jeff Buckley - Morning Theft
Portishead - WANDERING STAR
Keith Jarrett - The Köln Concert Part I
Dj Ravin - Touch & Go Straight To... Number One
Thievery Corporation - Sol Tapado

O desafio vai para:
Alexandre; Inquieta; da.; Amie; Preto.

Tuesday, July 26, 2005

Ser pai

Ser pai transforma grandes homens em grandes Bichas.
A maior parte dos meus amigos, à semelhança de todas as outras criaturas e seguindo o preceito do que está instituído como normal, começam agora a garantir a única eternidade que lhes (nos) é possível, enquanto seres vivos: Ser Pai. Então, todos os dias, assisto à triste transformação, de um forma totalmente incompreensível, de grandes Machos em grandes Bichas.
Nunca pensei que fosse possível alguém falar de merda e de fraldas com tanto fervor! Era impensável, pelo menos para mim, imaginar que até a consistência e a cor da dita fosse motivo de discussão minuciosa, aguerrida mas aprazível, química, em qualquer lugar que não um laboratório de análises. Os próprios, outrora “machos men”, transformam-se nos mais dedicados analistas: “Ah, o cócó do meu filho está um pouco claro... coitadinho!, acho que lhe meti leite em pó a mais no biberão”, suspiram, como se esse tivesse sido o acto mais criminoso cometido à face da terra. Um simples arroto gera nestes meus amigos cordeiros o maior dos orgulhos: “O meu filho a arrotar parece um lorde!”. E as flatulências?, por mais inaudível que sejam, passam a ser assunto para as mais animosas discussões. O básico tema do futebol resvala, inevitavelmente, a secundário.
Chegar ao trabalho a morrer de sono e cansaço, com um banho tomado à pressa às 6 horas da manhã para tirar o cheiro do suor e do tabaco, deixou de ser motivo de orgulho. Agora chegam remelosos, mais cansados que orgulhosos, umas vezes porque o fruto da paternidade lhe deu para chorar, outras, porque o rapaz não chorou e então os papás preocupados passaram toda a noite a auscultar-lhes a respiração e os movimentos. A única farra que os totós agora fazem é na festinha de natal no infantário onde se vestem de galinhas e patos para acompanharem o espírito da festa.
O primeiro dente, o primeiro gemido, a primeira palavra, o primeiro gatinhar, tudo!, tudo é festejo. Se a primeira palavra for “pai” dá logo direito a uma rodada de cerveja no bar mais próximo. Uma rodada para nós, os outros, os que ainda não somos pais, nós, os desalinhados, porque eles, os rotos, deixaram de beber álcool após o nascimento do primeiro filho: “Ai, e tal... É para não dar mau exemplo”, têm a coragem de argumentar.
Tenho saudades!, porque não haveria de ter?! Tenho saudades das inócuas discussões à volta do futebol. Tenho saudades das dissertações sentidas dissecando prazerosamente as mamas das gajas que nos passavam na rua. Tenho saudades das discussões tão eruditas – mas doseadas irmamente de incompreensão e ausência de conteúdo - sobre cavalos, cilindradas, jantes e perfis de pneus. Tenho saudades da única mistura digna de roubar a atenção, o sono e a vida a qualquer homem, na verdadeira decepção da palavra: Carros, futebol, cervejas e gajas (nessa infeliz sequência, para alguns!). Tenho saudades de lhes ouvir as aventuras sobre o tempo, o tempo em que eram putos. Tenho saudades e pronto!
Que tipo de Homens irão dar estas crianças com pais vendidos assim?

Monday, July 18, 2005

Terra da Liberdade

S. Marino
Promessas! Promessas! Promessas! Só promessas...
Uma frase enorme como “Benvindo à terra da liberdade”, deveria ser inscrita no éter e não neste amontoado de ferro mal trabalhado.

Saturday, July 09, 2005

Inquietações

Que seria do orgasmo sem a força do atrito...

Friday, July 01, 2005

A Caixa de Pandora

(Que era hermética já o sabíamos, mas não era uma caixa. Era, talvez, um cubo)

Talvez o teu mundo nem seja redondo. Talvez seja um cubo dentro de um cubo dentro de um cubo dentro de um cubo contigo lá dentro. Talvez os cubos dentro de cubos dentro de cubos dentro de cubos do teu mundo sejam mesmo fatiados. Talvez nem sejam cubos, ou sejam cubos unidimensionais, simples quadrados, talvez.
Talvez o teu mundo seja uma base plana. Talvez nem seja mesmo algo dimensionável. Talvez, não sei.
Talvez seja um mundo formado por objectos básicos, talvez uma linha recta vista de cima e às avessas, uma linha semi-recta aos teus olhos porque, para eles, por grandes que as coisas sejam, são sempre coisas pequenas e simples, fáceis, banais.
Talvez o teu mundo seja a imponência de um ponto final, um átomo, um super-átomo, com energia e força suficientes para a provocação (ainda) de implosões eternas. Talvez o teu mundo seja mesmo o que existe na ausência desse ponto final. Talvez não seja um ponto único mas a sequência singela de três pontos finais ou a cândida ausência desses três pontos finais - É que todos os mistérios são sempre tripartidos!
Talvez uses os pontos, as linhas, as rectas, as semi-rectas, as bases planas, os quadrados, os cubos, os cubos dentro de cubos dentro de cubos dentro de cubos dentro de cubos, a ausência do que em cada um deles é básico, na representação das coisas do teu mundo e talvez ela signifique a realidade única sobre a tua abstracção constante, cortante, presente e real. Assim, talvez as pessoas do teu mundo sejam linhas na vertical plantadas, algumas coloridas como as tuas amizades, outras pretas e brancas e brancas e pretas e pretas e brancas, outras, ainda, incolores. Sim, és tu quem decides a ausência ou a presença de cor mas as pessoas não deixam de ser linhas na vertical plantadas. As casas do teu mundo não são mais que um conjunto de rectas - com princípio, meio e fim, imagine-se! - que se tocam nos cantos e que apenas existem para que o teu mundo não se torne estranho em demasia. Talvez representes o movimento em circunferências pela infinidade de pontos que estas unem e apresentam. E talvez elas se encontrem sobrepostas e seja essa a razão do teu sufoco... Faz-nos um favor, nunca te desfaleças, porque é herege quem ousou dizer-te que o teu mundo vagueia vulgar em torno do sol.
Talvez o teu mundo seja apenas uma sombra de objectos básicos, uma sombra que se forma pela reflexão e não pela obstrução da luz... de uma luz que sai de ti.
Talvez o mundo teu não esteja sequer fora de ti...